A importância de proteger o seu direito de escolha na
contratação do seguro.
Por Ângelo Coelho - Presidente do SINDIFUPI e ABRAESA.
Nos últimos anos, o mercado de
seguros tem apresentado ao consumidor novas modalidades conhecidas como "seguros
populares" ou "seguros econômicos".
À primeira vista, parecem vantajosos: preços reduzidos, cobertura simplificada e promessas de economia.
Mas por trás do discurso comercial, há cláusulas que escondem restrições
severas aos direitos do consumidor, especialmente quanto à liberdade de
escolha da oficina reparadora e ao uso de peças paralelas.
O problema começa na
contratação
Em muitos casos, o próprio
corretor de seguros realiza a contratação sem o devido esclarecimento ao
consumidor.
O cliente, confiando na boa-fé do profissional, aceita a proposta sem ser
informado de que está aderindo a uma apólice que limita a livre escolha da
oficina, autoriza o uso de peças não genuínas e submete o veículo
às condições impostas pela seguradora.
Esses contratos - chamados de seguros
populares - foram criados sob o argumento de "democratizar o acesso" ao
seguro automotivo. No entanto, transferem o risco e o prejuízo para o
consumidor, reduzindo a proteção real oferecida pela apólice.
O que a lei diz:
O Código de Defesa do
Consumidor (Lei 8.078/1990) é claro:
o consumidor tem direito à informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, bem como à liberdade de escolha (art. 6º,
incisos II e III).
Quando o corretor ou a seguradora
omite informações essenciais, pratica violação do dever de
transparência e pode ser responsabilizado civilmente pelos prejuízos
causados.
Da mesma forma, o Decreto-Lei
nº 73/1966, que regula o sistema nacional de seguros privados, proíbe as
seguradoras de exercer atividades comerciais ou industriais, como a venda
direta de peças ou a imposição de fornecedores.
Portanto, ao obrigar o consumidor a aceitar uma rede restrita de oficinas ou a
utilização de peças de procedência duvidosa, a seguradora extrapola seus
limites legais.
O risco das oficinas
credenciadas e a importância da oficina de confiança.
Já nas oficinas independentes,
o consumidor tem a certeza de que serão aplicadas peças novas e genuínas,
conforme as especificações do fabricante e os padrões de segurança do veículo.
Por se tratar de oficinas de confiança, qualquer tentativa de interferência
indevida por parte da seguradora é prontamente comunicada ao consumidor,
garantindo total transparência no processo de reparo.
Em contrapartida, nas oficinas
credenciadas, é comum que haja restrições de comunicação com o
cliente.
Quando um profissional tenta alertar o consumidor sobre o uso de peças
paralelas ou sobre limitações impostas pela seguradora, é advertido pela
própria seguradora e, caso insista em agir conforme o artigo 6º, inciso
III, do Código de Defesa do Consumidor - que assegura o direito à
informação clara e adequada - é sumariamente excluído da rede credenciada.
Daí a importância de optar
sempre por uma oficina de confiança, que preze pela integridade do veículo
e pela segurança de quem o conduz.
🧾 O que o consumidor devefazer:
No momento da contratação do
seguro, leia com atenção a apólice e questione o corretor.
Deixe claro que não aceita cláusulas que restrinjam a escolha da oficina
ou autorizem o uso de peças paralelas.
Exija que essas condições sejam registradas por escrito ou confirmadas por
e-mail.
Antes de assinar, verifique:
Lembre-se: o barato pode sair
caro, especialmente quando envolve a segurança de quem está ao volante.
O papel do SINDIFUPI.
O SINDIFUPI - Sindicato da Indústria de Funilaria e Pintura do Estado de São Paulo atua diariamente na defesa dos consumidores e das oficinas de reparação automotiva.
Nosso compromisso é garantir que as relações entre seguradoras, oficinas e
consumidores ocorram dentro dos limites legais, com respeito à livre
concorrência, à segurança veicular e à transparência contratual.
O sindicato mantém parcerias com advogados, engenheiros e peritos automotivos para oferecer suporte técnico e jurídico a qualquer consumidor que se sinta lesado por seguradoras.
Também atua junto a órgãos públicos, como o Procon e o Ministério Público,
denunciando práticas abusivas que afetam a integridade e a segurança dos
motoristas paulistas.
Segurança não é luxo -
é direito!
A segurança do seu carro é, antes de tudo, a sua segurança e a de sua família.
Não aceite que uma economia aparente comprometa a estrutura, a dirigibilidade e o valor do seu veículo.
O consumidor consciente é o maior aliado na transformação do mercado.
O SINDIFUPI e ABRAESA continuaram atuando com firmeza para assegurar que a reparação automotiva seja pautada pela legalidade, pela ética e pelo respeito ao cidadão.